Organizada pelo Centro de Arqueologia de Almada e apoiada pelo poder local, nomeadamente Junta de Freguesia de Almada, realizou-se no passado dia 22 deste mês, a visita ao património arqueológico de Almada.
O ponto de encontro dos participantes foi o edifício dos Paços do Concelho, pertencente outrora aos arrabaldes do núcleo medieval.
Nas palavras de Vanessa Dias, a nossa guia, o que podemos encontrar nos dias de hoje em maior número são as estruturas negativos, no solo, que se foram conservando; ao contrário das construções à superfície que foram sendo "vítimas de alterações" devido às sucessivas ocupações.
Foto do Museu do Sítio. A legenda explicativa assim nos situa: "Compartimento de habitação com porta para a rua. No interior, um silo completo com tampa. No chão, vasilhas de armazenagem (talha e bilha) e transformação (alguidar de amassar) do séc. XIV."
Um ponto de visita muito interessante, de dimensão algo reduzida, mas com evidente mais valia para o apaixonado pela história e património do concelho, nomeadamente quanto à ocupação muçulmana, da qual existem vestígios em Almada a partir do séc. IX, e também ao período medieval e moderno.
O grupo avança pelas ruas estreitas de Almada Velha em direcção ao Castelo, fazendo uma paragem na Igreja de Santiago (pertencente à Ordem de Santiago, donatária de Almada desde 1186), construída fora das muralhas.
O jardim do Castelo possibilita-nos uma panorâmica dos arrabaldes medievais. Nota de referência para o miradouro e o coreto, embora desfasados do contexto da temática da visita.
O Castelo de Almada apresenta-se hoje completamente descaracterizado devido ao restauro moderno. O seu interior não é visitável, servindo como instalação da guarnição da GNR. A conquista por parte de D. Afonso Henriques deveu-se à sua implantação em zona estratégica.
Situada num esporão possibilitador de controlo absoluto do território, o Almaraz, na posse da Câmara Municipal de Almada, foi o próximo ponto de visita.
Parte do povoado está destruída devido à sua exploração, durante a época medieval, como pedreira. À primeira vista e sem transpormos os portões nada é visível que ateste ao visitante a importância deste aglomerado, na Idade do Bronze e posteriormente na Idade do Ferro, mas os testemunhos materiais encontrados, e já estudados pelos arqueólogos, são reveladores dos contactos culturais existentes entre os fenícios e os povos autóctones, tendo constituído uma comunidade rica, com recolha de espólio valioso. Como pormenores apresentada pela nossa guia, foi-nos referido que a metalurgia era uma actividade muito presente nesta população, assim como a tecelagem. Este povoado constitui o primeiro indício de urbanização de Almada - o seu núcleo inicial.
Os arqueólogos encontraram alguns materiais testemunhando a conquista romana. Estando este povoado situado numa implantação de altura não era atractivo para a fixação dos romanos que prefeririam Lisboa, uma zona plana, enquanto nesta margem sul do Tejo aqui se fixariam os sectores rural e industrial.
Parte do povoado está destruída devido à sua exploração, durante a época medieval, como pedreira. À primeira vista e sem transpormos os portões nada é visível que ateste ao visitante a importância deste aglomerado, na Idade do Bronze e posteriormente na Idade do Ferro, mas os testemunhos materiais encontrados, e já estudados pelos arqueólogos, são reveladores dos contactos culturais existentes entre os fenícios e os povos autóctones, tendo constituído uma comunidade rica, com recolha de espólio valioso. Como pormenores apresentada pela nossa guia, foi-nos referido que a metalurgia era uma actividade muito presente nesta população, assim como a tecelagem. Este povoado constitui o primeiro indício de urbanização de Almada - o seu núcleo inicial.
Os arqueólogos encontraram alguns materiais testemunhando a conquista romana. Estando este povoado situado numa implantação de altura não era atractivo para a fixação dos romanos que prefeririam Lisboa, uma zona plana, enquanto nesta margem sul do Tejo aqui se fixariam os sectores rural e industrial.
A paragem seguinte deste roteiro arqueológico de Almada seria para uma apreciação rápida de uma casa de contexto urbano, de arquitectura pombalina.
O percurso continuaria, detendo-nos defronte da fachada principal da Igreja da Misericórdia, onde pudemos ouvir que aqui ocorreram descobertas de sepulturas no interior, testemunhas de enterramento intencional.
O passeio terminaria na Rua da Judiaria com a oferta de uma visualização inesperada - um silo medieval situado debaixo do pavimento da rua e coberto com uma tampa de esgoto; uma descoberta efectuada no decurso de obras de saneamento e preservada através da única forma possível dada a sua localização.
A arqueologia em contexto urbano foi a protagonista desta visita. Assinalo a complementaridade do trabalho desenvolvido entre a Junta de Freguesia de Almada e a instituição organizadora, o CAA. O poder municipal desempenha um papel de salvaguarda do património arqueológico em meio urbano que, convém assinalar, se constitui e potencia devido a acções particulares e associativas.
Conceição Toscano
Gostei muito do seu blogue é sempre bom que haja registos e chamadas de atenção paro o património local e não só, pois infelizmente muitos encontram-se em abandono e degradação, um alerta é sempre bom, é preciso ensinar a estimar o que os nossos antepassados deixaram.
ResponderEliminarObrigada. O tempo nem sempre é suficiente para escrever acerca da nossa história e do nosso património, mas vou tentando. E fico sempre muito contente quando as pessoas passam por aqui e apreciam o que eu escrevi.
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